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DÍZIMO E SUAS DIMENSÕES

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus”

 

No mês de junho, nós, Diocese de Santo André, viveremos uma experiência

profunda com o dízimo. Neste itinerário, um dos aspectos mais importantes

a serem ressaltados é que o dízimo se trata de uma ação cristã de gratidão a Deus

por seus inúmeros benefícios.

 

O documento 106 da CNBB, sobre o Dízimo, dedica-se a refletir sobre sua

compreensão e aplicação em quatro dimensões: religiosa, eclesial,

missionária e caritativa.

Nas próximas semanas, traremos reflexões sobre cada uma delas.

Aqui, nos deteremos à dimensão religiosa.

 

A Dimensão religiosa do dízimo

 

Antes de qualquer coisa, o dízimo é uma ação do homem em relação a Deus, seu Criador e Pai providente, que em tudo o acompanha e sustenta. Sendo assim, a dimensão religiosa do dízimo refere-se à relação do cristão com Deus, consciente de que tudo vem Dele, e é para Ele. “Buscai, em primeiro lugar, seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6, 33).

 

A primazia de Deus em nossa vida deve impregnar todas as áreas: família, estudos, trabalho etc. Portanto, é devolvendo uma parte dos nossos bens que podemos cultivar e aprofundar nosso relacionamento com Aquele de quem provém tudo, e expressar, em gratidão, nossa fé e conversão. É isso mesmo: dízimo diz respeito ao nosso relacionamento com o Pai!

 

Um passo entre a gratidão e a conversão

 

Atualmente, a busca desenfreada pelo possuir nos desvia da centralidade fé. Muitas vezes, nossa mesquinhez nos retira a compreensão da sadia dependência do Pai e que tudo que Ele nos dá – alegria ou dor, fartura ou penúria – é sempre traduzido em amor!

 

Na primeira carta de São Paulo a Timóteo, o apóstolo dos gentios congrega os cristãos a partilha a partir da ótica religiosa. “Aos ricos deste mundo, exorta-os que não sejam orgulhosos, nem ponham a esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus” (I Tim, 6,17). Isso significa que o problema não está em ter ou não ter dinheiro, mas onde colocamos a nossa esperança.

 

Para tornar-se dizimista é preciso encontrar um caminho de mudança interior. São Paulo atesta que o orgulho prende o homem aos bens terrenos, que logicamente são necessários para o sustento e para o bem-estar, contudo não pode ser o centro das motivações. Ao contrário, é preciso converter o coração e reconhecer, com gratidão, que é o Pai quem provê o necessário para a vida do homem.

A DIMENSÃO ECLESIAL DO DÍZIMO

Sou Igreja, sou dizimista!

 

Na semana passada, demos início a uma série de reflexões sobre o dízimo, enfatizando as dimensões abordadas pelo documento 106 da CNBB, Dízimo na comunidade de fé, orientações e propostas. Começamos com a dimensão religiosa que compreende a relação do homem com Deus, a partir da certeza de que tudo vem Dele, no qual, somos invadidos pela gratidão e convertemos nosso coração para a partilha e para a solidariedade como expressão de fé. Neste mês falaremos sobre a dimensão eclesial.

 

“O zelo por vossa casa me consome” (Sl 69, 10)

 

A dimensão eclesial do dízimo remete-se às necessidades diretas ou indiretas da Igreja, ligadas ao culto e aos seus ministros. A partir do momento em que nos agregamos a uma comunidade, é importante que nos sintamos corresponsáveis para que a Igreja disponha do necessário para desenvolver sua missão. É a consciência de ser membro do Corpo místico de Cristo, a Igreja.

 

O cotidiano da fé e da vivência da liturgia exige uma série de cuidados e gastos que a comunidade provê a partir do dízimo. Não obstante a necessidade, é preciso que nos disponhamos a colaborar. O termo “paróquia” provém de casa… E nós somos habitantes dessa casa, por isso nossas comunidades fazem parte de nossa gama de responsabilidades.

 

Eu sou Igreja!

 

Ao sentir-se acolhido, adentramos ainda mais nas necessidades de toda a Igreja. O dízimo oferece às paróquias as condições de contribuírem de modo sistemático com a diocese, mantendo vivo o laço de pertença.

 

As necessidades do bispo, dos sacerdotes e dos funcionários da diocese são direcionadas a partir da partilha do dízimo, o que nos torna membros de uma rede de partilha semelhante ao que vivia a primeira comunidade cristã. “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At 2, 44).

 

Nós podemos e devemos experimentar concretamente de nossa pertença à Igreja, e dessa forma, sentir brotar a responsabilidade e o amor pela comunidade de irmãos e de fé. Essa vivência é fruto do Espírito Santo, a alma da Igreja, que une os fiéis num só coração e numa só alma. Peçamos que sua luz Divina irradie em nossas comunidades para que sejamos todos participantes da vida da nossa Igreja.

 

Faça parte da sua comunidade de fé. Torne-se um dizimista fiel!

DIMENSÃO CARITATIVA DO DÍZIMO

 

Não podemos esquecer que um aspecto importante da espiritualidade do dízimo é a nossa relação com Deus Pai. Devolvemos a Ele, em gratidão, parte do que recebemos dele mesmo como bem para nossas vidas. Portanto, ser dizimista é ser grato. Essa gratidão se expande e alcança gestos concretos de solidariedade e amor ao irmão.

 

Dízimo é dom de si em vista do próximo

 

As necessidades dos nossos irmãos e irmãs não podem passar por nós despercebidas. Muito pelo contrário, devemos sempre estar atentos aos sofrimentos e às dificuldades do próximo. A base da espiritualidade cristã é o amor incondicional e universal.

 

Basta lembrarmos da parábola do Bom Samaritano para compreendermos o papel do dizimista diante do irmão pobre e sofredor. O samaritano anônimo do evangelho de são Lucas (Cf. Lc 10, 25ss) passa por um caminho qualquer e se depara com um desconhecido, espancado de tal modo, que – diz o evangelho – ficou quase morto. Contudo, ele se aproxima, trata de suas feridas e, levando-o para uma pensão, recomenda que seja cuidado. Vemos, portanto, que a relação do dízimo e a partilha com os mais pobres transbordam na distribuição dos bens e no dom de si mesmo em favor do próximo.

 

À pergunta do doutor da lei a Jesus que originou a parábola – “Quem é o meu próximo?” – o Mestre responde evocando o uso da misericórdia. Ser dizimista é ser misericordioso com o próximo.

 

Caridade e dízimo

 

O dízimo fornece o suporte financeiro necessário para a organização institucional da caridade na Igreja. Na sua carta Deus caritas est, o papa emérito Bento XVI afirmou que a caridade com os pobres “é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência”. Portanto, celebrar a partilha no dízimo é partir da nossa fé e alcançar a necessidade de inúmeros irmãos.

 

Agir com misericórdia com os mais pobres, isso é ser dizimista!

DIMENSÃO MISSIONÁRIA DO DÍZIMO

Dizimistas, missionários da Igreja no mundo

 

Nós já refletimos sobre a dimensão eclesial e religiosa do dízimo, respectivamente, nas quais cada um de nós pode fazer parte do Corpo místico de Cristo – a Igreja – de forma ainda mais concreta.

 

Agora refletiremos sobre a dimensão missionária do dízimo. E se você soubesse que sua colaboração mensal cuida da formação dos seminaristas da nossa diocese? E que o dízimo é compartilhado com as paróquias mais pobres do nosso país e leva ajuda e evangelização aos mais necessitados?

 

Dízimo é sinal de unidade da Igreja

 

Como refletimos no último mês, a partilha dos bens entre os cristãos faz parte da identidade da Igreja desde os primórdios da nossa fé. Quando entendemos que somos todos irmãos, percebemos que existem inúmeras situações que devem inquietar o nosso coração para colaborarmos com aqueles que mais precisam, de modo que a partilha chegue “conforme a necessidade da cada um” (cf. At 2, 45c).

 

Nossa igreja é una, não obstante a diversidade de culturas e povos. Por que não falar de necessidades? São Paulo afirma que a caridade é o vínculo da perfeição e isso é assegurado pela comunhão entre as igrejas particulares com o santo padre, o papa. Mediante a partilha do dízimo, as dioceses compartilham entre si o necessário para formação dos sacerdotes, despesas com os serviços das cúrias diocesanas, envios missionários e tantas outras realidades.

 

Dízimo é Missão

 

“ D o p o n t o d e v i s t a d a evangelização, não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforma o coração” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 262).

 

O dizimista é um agente missionário em primeira pessoa, pois, sem a sua colaboração, seria impossível a realização de inúmeras iniciativas de evangelização. Ser dizimista é viver um verdadeiro envolvimento com as causas do Reino de Deus.

Por: Heraldo Lima

Fonte: https://diocesesa.org.br/2014/10/28/subsidio-liturgico-folheto-dominical/

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